domingo, 20 de setembro de 2009

O congelamento da electrificação


Como se pode constatar pelo gráfico junto, o plano de electrificação praticamente estagnou a partir de 2004. A ligeira evolução desde então registada limita-se à conclusão de pequenos projectos de ligação.
 

Fonte: REFER - Relatório e Contas da de 2008 (publicado)

Ora esta paralisação é absolutamente surpreendente. Quer pelo facto de se tratar de um investimento altamente rentável a prazo, pela via da redução do custo da energia eléctrica utilizada, quer pela menor dependência do instável preço dos combustíveis, como o gasóleo utilizado na tracção por motoras diesel, quer ainda por razões ambientais, uma vez que a electricidade é uma energia limpa de poluição ambiental. Tanto mais que crescentemente tende a ser produzida a partir das energias renováveis.

Não se compreende assim porque razões terá sido congelada a partir de 2004 a electrificação de mais linhas da rede. A não ser por razões de travagem do investimento público no caminho de ferro, ao contrário da inflamada proclamação dos discursos em todas as declarações públicas dos governantes.

Atente-se que o congelamento da electrificação teve impacto decisivo no bloqueio às restantes vertentes do investimento em infra-estruturas ferroviárias, desde a modernização e beneficiação das linhas, sinalização e estações, até à renovação do próprio material circulante. Pois com a linha electrificada, só é possível obter rentabilidade do investimento com material circulante de tracção eléctrica.

Visto com objectividade, é hoje absolutamente inegável que, na sua expressão mais estruturante, toda a evolução do sistema ferroviário nos últimos quatro anos, ficou bloqueada pela decisão política centrada na paragem do elemento chave da electrificação.


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